Existe na sociedade uma incrível incapacidade em entender que, a submissão de uma mulher a um homem, em uma relação BDSM, não diz respeito à sua anulação como mulher e ser humano desprovido de inteligência, capacidade profissional, mental e principalmente, capacidade de discernimento entre o certo e errado, o moral e imoral e o limite entre o desejo e o abuso físico e psicológico.
O grande erro de quem está fora desse mundo é a incapacidade em enxergar e entender que NÃO EXISTE LOBOTOMIA FEMININA OU MASCULINA NO ATO DE SUBMISSÃO. Ao contrário. A SUBMISSÃO É O ATO DE MAIOR CORAGEM E CONTROLE DE SEU “EU” INTERNO QUE UMA PESSOA PODE TER.
Aquele que assume seus desejos de submissão, simplesmente tem o controle de suas capacidades mentais e vontades, permite-se ter suas vontades, desejos e pensamentos, não se deixando suprimir por ideais retrógrados de uma sociedade preconceituosa.
A MULHER/HOMEM QUE VIVE SUA SUBMISSÃO, É UMA VERDADEIRA FORTALEZA DE CARÁTER E PERSONALIDADE, POIS TEM A FORÇA E CORAGEM DE ENFRENTAR À SOCIEDADE.
O praticante de BDSM sério não precisa ser tratado patologicamente, não precisa de crachá nem identificação, muito menos se envergonhar dos seus desejos.
Libertar a mente e se livrar do fardo da frustração é uma conquista para poucos, é uma vitória de poucos e quando percebem a grande luta que travaram e vitória interna conquistada, percebem o privilégio de viver sob suas próprias vontades e dogmas.
A religião nos imputa dogmas e demônios que nos impede de expor nosso “eu” , nos obriga a seguir um padrão comportamental de reprodutores e seguidores de uma sociedade envolta em hipocrisia, que esconde suas feridas e expõe apenas o que, de alguma forma, não se desvie da ‘ordem diária’.
O ser humano precisa viver em sociedade para viver bem, mas daí a deixar a sociedade invadir sua privacidade e delimitar o que lhe é permitido fazer ou não para obter o prazer é uma afronta.
O livre-arbítrio é direito de cada um, desde que não viole o das outras pessoas. A prática sexual de um ser humano não denigre o seu caráter nem o faz deixar de ser quem é. Prova disso é a quantidade de sádicos e psicopatas que se infiltram na sociedade com o padrão comportamental exemplar, afinal, quantas estórias de padres pedófilos, pais exemplares e dedicados mas incestuosos, professores “mestres” e “doutores” , exímios estudiosos, que na verdade querem mesmo é conhecer a “anatomia” de seus rebentos?
Sempre tenho visto entre as interações virtuais, pessoas “baunilhas”, se intrometendo em questões BDSM, fazendo postagens totalmente e exageradamente sexuais, sem qualquer contexto litúrgico e filosófico, que apenas contribuem para denegrir a imagem do BDSM perante a sociedade.
Não estou dizendo que não existe sexo e que BDSM não é isso, até por que seria uma heresia, estou apenas dizendo que NÃO É SÓ ISSO.
BDSM NÃO É SÓ SEXO.
O preconceito existente já é fato e acredito que sempre teremos que conviver com ele, até por que, mesmo que um dia consigamos RESPEITO da sociedade, nada nunca é unanime. Sempre existirão aqueles que fugirão à ideia.
No entanto, penso que o intuito de todo praticante sério, é ver chegar um dia, em que pelo menos o preconceito e o respeito, essa duas bandas da laranja, estejam em igual proporção, por que infelizmente hoje, o preconceito ainda supera o respeito no meio social.
Entretanto, cabe a cada um de nós, fazermos nossa parte para impedir que a cada dia que passa, diante dessa explosão de popularidade do BDSM, pessoas mal intencionadas, piorem e prejudiquem ainda mais a imagem que, foi muito duramente conquistada, durante todos esses anos de existência do BDSM.
Aprendam, ser baunilha não lhe garante felicidade, ser adepto do BDSM também não. O que garante a felicidade de parceiros, seja no sexo, no amor, na amizade, no trabalho ou no dia-a-dia, são respeito, confiança e verdade.
Essa constante desavença entre superioridade masculina e inferioridade feminina, imposta no conceito social, religioso e psicológico, é o principal motivo que leva ao fracasso de diversos relacionamentos e a frustrações emocionais.
O medo da verdade se resume ao receio da rejeição, e quem te rejeita não te merece. Levanta, sacode a poeira e vai à luta."As pessoas têm a obrigação de aceitar os outros como eles são, e também, a opção de querer conviver ou não com eles.” Dicionário de Fetiches e BDSM – Agni Shakti
Érica